segunda-feira

24ª telha


A mentira é uma teia. A mentira é um conjunto de fios, finíssimos, minúsculos, tecidos com uma arte de raios e espirais impressionantes. A aranha ou aranhão têm um trabalho árduo e persistente. E uma vez começada, essa trama elaborada, contínua, fio após fio, círculo entrelaçado após círculo para segurar o anterior, existe com uma finalidade apenas: a sua sobrevivência.
A mentira, como os vários tipos de fios de seda da teia, pretende que a presa ali fique encapsulada, seja qual for a sua finalidade.
A evidência da vida, mesmo nas metáforas, é que um dia a teia e a mentira rompem. E a aranha, o aranhão ou o aranhiço terão de voltar a produzir mais fios, talvez cada vez mais resistentes.
E quedo-me a pensar: quanto suará uma aranha?

10 comentários:

Sir David Vai-te-Embora disse...

Pois minha cara,nesta coisa de suores de aranha,a ciencia diz que as mais peludas serao as que transpiram mais,as"viuvas negras" as que suam menos,e as "epeiras" as que passam a vida a carregar a cruz as costas,talvez por isso as mais mentirosas...

Red Maria disse...

Suam muito pelos vistos, coitadas, a modos que estou com pena delas e até fazem outras coisas que agora não vêm ao caso. (mas estava capaz de fazer um desenho mas com a fama que tenho em fazer os ditos, melhor ficar-me pelos vernizes)

TLinha disse...

Sir David,
a minha vénia!
O seu comentário tocou-me especialmente, quer pela qualidade quer pela veracidade das suas palavras.

[volte quando desejar, já sabe que eu tenho sempre epeiras de estimação...]

TLinha disse...

Red, companheira de vernizes,
fiquemo-nos pelos desenhos nas tel(h)as!
Quanto a suores... ainda escrevo algo em que até as aranhas têm muitas penas!

[a contimuar assim poderemos falar de zoos, não?]

Red Maria disse...

Sim, dear, cada macado no seu galho, fala de ursos!

CANEJA disse...

Meus Deus, quanto não sofrerá a presa...transpira até ao último alento na vã tentativa de se soltar daquela teia pegajosa e elástica...
Na cadeia da sobrevivência por certo ganhará o mais ardiloso...
Mas há sempre uma presa sagaz, de uma clarividência audaz que estende lençois de seda...o aranhão não pode resistir a tanta sedução...e no momento oportuno, desfere o golpe fatal e esmaga o coitado sem dó nem piedade...
Vivam as presas desta natureza!!!
Para ti minha querida um RsRsRsRs sem teia.

almadeumlouco disse...

Já passei para ler a 24ª tel(h)a, um par de vezes. Não a consigo ler sem sentir cócegas nas pontas dos dedos pés - odeio aranhas.
Grrrrrr... tenho que ir, que não está fácil...

Mas concordo com a ideia da teia, da mentira e das ditas.

:)

TLinha disse...

Red, dear:
Galhos? Macacos? Ursos?
Hummm! E se forem osgas? :)

TLinha disse...

Caneja, caneja:
Dá sempre um gostinho especial sentir uma aranha fazer “clac” debaixo do pé, não é? : )
[só o teu RsRsRs já me consolou a alma!]

TLinha disse...

Alma:

Pois eu admiro aquele trabalho elaborado, aquelas teceduras cuidadas, aquela arte suspensa! É obra e não é para qual um…

Sobre aranhas e afins partilho o nojo que me causam. Mas há mais coisas que me causam as tais “cócegas na planta dos dedos”.

: )